Existe um tipo de
presente que
é intangível e muitas vezes fala mais alto do que qualquer outro que
você possa ter nas mãos.
Eu o chamo de presente da sua presença, ou presente de si mesmo. Estar
ao lado de seu cônjuge quando este precisa de você fala mais alto
do que aquele cuja primeira linguagem é receber presentes. Jan disse-me certa
vez:
—
Meu marido Donald gosta mais de futebol
do que de mim!
E eu
então lhe perguntei:
— Por que você diz isso?
— No dia em que nosso filho nasceu, ele foi jogar bola. Eu fiquei a tarde toda
sozinha, deitada em um leito
da maternidade,
enquanto ele se divertia com os colegas o tempo todo. Fiquei arrasada. Aquele era um dos momentos mais preciosos de
nossas vidas. Queria que o desfrutássemos
juntos. Desejava que ele estivesse ali comigo. Mas Don abandonou-me e foi
jogar!
Aquele marido poderia ter mandado dúzias de rosas
para a esposa, mas elas de forma alguma falariam tão alto quanto se ele estivesse
no hospital, ao lado da
esposa. Posso afirmar que Jan ficou profundamente
magoada com aquela experiência. O “bebê”
tem agora 15 anos e ela ainda fala do ocorrido com todas as emoções presentes, como se tivesse acontecido no dia anterior. Procurei sondá-la com a
seguinte pergunta:
— Você baseou sua conclusão, de que Don aprecia mais a futebol do que a você,
naquela experiência?
—
Não
só,
mas
também.
No
dia
do funeral de minha mãe, ele também foi jogar
bola.
— Mas ele foi ao funeral?
—
Foi. Mas assim que a cerimônia terminou,
ele foi direto jogar. Eu não podia acreditar. Meus irmãos levaram-me para casa, pois meu marido tinha ido jogar futebol!
Mais
tarde tive a oportunidade de perguntar a Don sobre essas duas situações. Ele sabia exatamente do que eu falava:
— É,
eu sabia que ela falaria ao senhor sobre isso. Eu estava lá durante todo o trabalho de parto e também quando o bebê nasceu. Tirei fotos. Eu estava muito feliz e não via a hora de contar para os meus
colegas do time a boa notícia.
Mais tarde, quando
voltei ao hospital, “minha bola murchou”! Ela estava furiosa comigo. Eu
não podia acreditar que era ela quem
me dizia todas aquelas coisas horrorosas! Achei que ela ficaria
orgulhosa por eu ter prazer em querer dar a boa notícia ao time...
A
presença do (a) esposo (a)
em tempo
de crise é o maior presente que se
pode dar
a um cônjuge cuja primeira
linguagem do amor
seja “Receber Presentes”.
Ele prosseguiu:
— E quando a mãe dela morreu? Provavelmente
não lhe contou que eu tirei uma semana de
férias antes que minha sogra morresse e fiquei
o tempo todo entre o hospital e a casa dela, fazendo
reparos e ajudando
no que era preciso. Após sua morte, terminando o funeral, achei que tinha feito tudo o que podia.
Eu
precisava de um descanso.
Gosto muito de futebol e sabia que um
joguinho ajudar-me-ia a relaxar e a aliviar um pouco a tensão dos últimos dias. Achei que ela compreenderia isso. Fiz tudo o que achei ser importante para ela, mas não foi suficiente. Ela nunca esquecerá e sempre jogará na minha cara aqueles dois dias. Ela diz
que eu gosto mais de futebol do que dela. Isso
é ridículo!
Don era um marido sincero que falhou em compreender a tremenda importância de sua presença. A permanência dele era mais
importante para ela do que qualquer outra coisa. A presença do (a) esposo (a) em tempos de crise é o maior
presente que se pode dar a um cônjuge cuja primeira linguagem do amor seja
“Receber Presentes”. A presença física torna-se o símbolo do amor. Retire esta
presença e a percepção desta virtude
evapora-se. Durante o aconselhamento, Don e Jan trataram das feridas e dos
ressentimentos do passado. Ela conseguiu perdoá-lo
e ele pôde compreender
porque
sua presença era tão importante para ela.
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