Por Casal Sem Vergonha
Casal,
Meu namorado fica querendo saber detalhes dos meus ex-namorados. Ele diz que não é ciúme, só curiosidade, mas eu me sinto estranha falando sobre isso. E também não gosto de ouvir as histórias do passado dele. Vocês acham que isso é saudável?
Leitor Anônima
Querida leitora,
O que você é hoje é o resultado da
compilação de suas experiências passadas. Inclusive com seus ex
namorados. Há poucas coisas na vida que nos ensinam mais do que viver
lado ao lado de alguém com um universo diferente do seu. Cada ex
significa mais experiências no currículo e uma melhor visão sobre
relacionamentos. Ninguém passa por nossa vida e sai dela sem deixar
marcas. Mas falar de ex pra algumas pessoas é mais tabu do que propor
fio-terra. É motivo de briga, de climão, de cara fechada. O lema “ex
bom é ex morto” perdura por gerações de pessoas incomodadas com o fato
que todo mundo tem um passado – seja ele negro ou branquinho.
Por isso achamos um pouco injusto essa
história das pessoas cuspirem no prato em que comeram e
tratar/considerar o ex como se o sujeito tivesse sido um erro na sua
vida. Você decidiu viver aquele relacionamento naquele momento e isso
contribuiu de alguma forma. Não há como fugir disso. Portanto, achamos
natural conversar sobre relacionamentos antigos. E quando se fala em
relações que acabaram, é impossível deixar de citar a outra parte.
Porque você não se relacionou sozinha, o outro era parte daquilo e não
pode ser simplesmente apagado da história.
Ou seja, não enxergue essa curiosidade
do seu namorado com algo ruim. Uma das formas mais eficientes de
aprender e de evoluir é analisando situações passadas. A sua relação
atual pode melhorar se vocês puderem conversar com naturalidade sobre o
passado. Aliás, você também deveria conversar com ele sobre os namoros
antigos dele. Não precisa ter ciúmes. Ex é ex. Já está no nome. Pertence
ao passado. Você pode lutar incansavelmente para que ele nunca cite o
nome da ex, para que doe os presentes, que queime a caixa de cartas
antigas. Esforço inútil. Querer apagar as memórias do outro é uma tarefa
impossível – você pode lutar contra as coisas óbvias, mas como vai
saber se aquela camisa que você acha linda, não foi justamente um
presente da outra no passado? Ou se aquela camiseta que ele sempre te
empresta quando você dorme na casa dele, com um número muito menor do
que o que ele usa, não é um vestígio do passado? Você pode até lutar
contra as coisas materiais, mas o invisível – que é o que realmente
importa – ficará lá para sempre. Aprenda a viver com isso. E,
principalmente, tire bom proveito disso.
Quando vocês tratam desse assunto com
naturalidade, automaticamente passam a ideia de um passado bem
resolvido, importante, mas que ficou pra trás. E é nossa obrigação
tratar nossa história com carinho, e não permitir que um novato chegue
querendo impor que passe uma borracha na sua vida. Sua vida já existia
muito antes dele chegar. E vice versa.
Boa sorte!
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