quarta-feira, agosto 21, 2013

O que um homem quer dizer quando diz não querer namorar você? Perdoar ou não um sumiço?

Meninas, há perguntas que são um pouco engraçadas, um pouco tristes, um pouco confusas e um pouco normais. A da nossa amiga Sami, por exemplo.

Ela quer saber o seguinte: "João, agi bem?"

O negócio e a dúvida da Sami eram coisa simples no tamanho e infinita na profundidade. Diz ela:

"João, três dias depois de começar a namorar, ele sumiu por um mês. Disse que teve medo de perder a liberdade, mas queria voltar. Depois disso, vi-o duas vezes. E ele sumiu de novo. Reapareceu, disse que me ama muito, que combinamos em tudo, mas que ele gosta de ser solteiro e só quer 'ficar' comigo. Não aceitei. Ainda o amo. Fiz certo?"

Fez.

Mas antes de fazer certo, fez tudo errado.

BOMBA NINJA

Meninas, em priscas eras deste blog, eu contei sobre o caso do meu amigo Feijão, que é um namofóbico. Se você botar um anelzinho de cebola, um Cebolitos, uma rosquinha, um donut, qualquer coisinha anelar no dedinho do Feijão, o Feijão fica todo coceira. Ele espirra. Ele sua. Ele sente frio.

Porque diante da ameaça de relacionamento, o Feijão aplica a tática que ele batizou na galhofa de "bomba ninja".

Uma bomba ninja:

"Aí, João, ela me cobrou, disse que eu sumi, perguntou por que não liguei!"

Bomba ninja.

"Aí, João, dei só um beijo, e ela disse que tá morrendo de saudade, postou comentário no Facebook, espalhou pros meus amigos?"

Bomba ninja.

E o Feijão some.

+ Fale com Ele: Homem sofre diante de rejeição e separação? Como? Eles são ou não são sensíveis?

RINITES CRÔNICAS

O Feijão tem distribuído um Vietnã de bombas ninjas a cada sexta-feira. O problema é que do outro lado da bombinha, quando a fumaça baixa, sobra uma garota em petição de qualquer coisa, de razão, de explicação. Elas sofrem.

Dia desses, chamei o Feijão às falas. Eu queria entender, eu queria dar um fim ao sofrimento e à fumaça. Disse a ele que o bombardeio ninja dele engorda a fama de que homens possuem uma rinite crônica e uterina diante da possibilidade de um namorar, de um casar.

E que isso, no fim, é ruim pro mundo.

Mas o Feijão, meninas, o Feijão me quebrou.

Ele disse: "Joãozinho, quem disse que eu não amo do meu jeito? Quem disse que esse não é o meu formato de amor? Elas sofrem? Eu sofro! Eu sofro namorando! Eu não quero! Mas olha só, tem uma diferença aqui: é bomba ninja mesmo, mas sempre uma bomba ninja anunciada. Antes da fumaça tem o clarão! Sou claríssimo! Eu nunca digo a mais do que eu digo. Nem menos. O problema é que tem garota que interpreta. Ouve o que quer ouvir, não ouve o que não quer. Mesmo eu dizendo o 'não quero namorar' mais direto que existe…"

Ah, meninas. É uma verdade. O mundo é feito de amores e de muita rejeição. Mas acima de tudo, o mundo é feito de ouvidos egoístas, olhos vesgos e boquinhas que falam titica.

Existe mesmo uma verdade intensíssima no que diz o Feijão, e a cartinha da nossa Sami é o nosso exemplo de hoje.

Sim, fez muitíssimo bem a Sami em varrer da vida um namorado que some no segundo dia de namoro (seja lá como tenha sido o início desse namoro). Mas fez tudo errado a nossa Sami ao não ouvir os sinais anteriores do ex-namorado. Um sujeito que evapora deixando dúvidas é um sujeito que não merece nada. Um sujeito que some de novo e depois, quando volta, ressurge com um esfarrapado convite a um relacionamento de pura traquinagem e nenhum compromisso. Um sujeito assim também mereceria uma varrida definitiva. E ainda assim, Sami insistiu. Não ouviu, não viu. Porque eis a grande maldição do amor: ele faz a gente achar que ainda dá.

Mesmo quando não dá.

+ Fale com Ele: Quando o amor não dá certo, é preciso se afastar e se recolher? Como? Por quanto tempo?

QUEM ERROU?

Meninas, no amor cabe tudo. Desde que a dupla (ou o trio, o quarteto etc. etc.) topem o jogo jogado.

Havendo respeito, tudo pode.

Tudo cabe.

Não acho que um homem ou uma mulher que não queiram namorar e queiram apenas futricar, não acho que eles estejam errados. Acho, aliás, certíssimo. Se todo mundo der um joinha, qualquer arranjo vale.

O negócio – e acho que eis aqui o grande negócio de hoje –, o negócio é aprender a ouvir, a ver e a dizer as verdades. A gente se machuca demais botando uma culpa no outro e esquecendo que o nosso pezinho tá quase sempre na mesma lama.

A gente insiste.

Não vivam uma briga de murros com uma onda do mar, minhas doçuras. Aprender a ouvir e ver é aprender a viver. Culpar menos o outro é culpar menos o próprio espelho.

O homem enrolou, o homem sumiu, ele não foi claro? Suma. Ventilador na bomba ninja dele.

Mas não esqueça de ouvir.

Uma dia o meu amigo Feijão me disse algo. Eu ouvi. E aí entendi e aí encerrei a questão:

"Cara, o problema é que eu falo, eu digo, eu tento não ser muito grosso. Porque, diabos, imagino isto: você fica com a garota. Fica uma vez, fica duas, pura curtição, nenhum compromisso. Tá bom do jeito que tá. Você acha que eu preciso ficar anunciando: 'Ó, mas é só curtição, hein!'? Não preciso dizer, né? Quando eu sinto que o negócio fica sério, eu digo: 'Ó, vamos deixar assim. Eu gosto do jeito que tá, não quero te machucar'. E se depois disso, ela continuar comigo, João, eu entendo que tá dado o recado. Assumo meu quinhão de culpa quando tenho culpa. Agora, poxa, de que adianta ela me querer se eu não quero? Eu nunca escondo as minhas indecisões, esse limite finíssimo que separa um caso de um namoro. Mas uma hora, alguém precisa dizer em voz alta. Eu digo: 'não quero, tou bem assim!' Quando eu sumir, porque uma hora eu vou sumir, e ela reclamar, de quem é a culpa, João?"

De quem?

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