sexta-feira, agosto 02, 2013

O paradoxo do solteiro

O paradoxo do solteiro
Existe em nossa sociedade um certo padrão de vida considerado mais adequado a partir de uma determinada idade. Homens sem uma companheira fixa podem ser mal compreendidos e interpretados como imaturos, egoístas, complicados e as mulheres como encalhadas e mal amadas. Um grande equívoco que desconsidera a diferença existente entre solidão e o fato de estar solteiro.

A solidão é um sentimento que pode assaltar mesmo os casados e que pode por outro lado, não estar presente na vida de um solteiro. É possível alguém se sentir só mesmo estando acompanhado. Sendo assim, solidão e falta não estão associados à vida do lado de fora e sim ao complexo mundo interno de cada um.

Mas por preconceito (ou até limitação) muitos assumem que um amigo sem amor é um amigo infeliz. Imagina! Solteirice pode ser um período interessante e divertido. Pode ser um momento de dedicação a projetos esquecidos, de resgate familiar, de autoconhecimento, de entrar em contato com seu mundo interior. Já a solidão é um estado emocional profundo e intenso que pode acontecer mesmo tendo um companheiro em sua vida.

O que muitos desconhecem é que ser solteiro pode ser uma escolha e não uma condição imposta a contragosto, e que nada tem a ver com estar triste e só.

Vejo na clínica todas as possibilidades: solteiros felizes e outros tristes, assim como casados realizados e outros solitários. Não existe regra e nem um padrão melhor.

A solteirice e a solidão tornam-se sinônimas apenas quando existe na vida um único objetivo em ter alguém e tudo que acontecer até esse dia é vivido como temporário, sem importância ou transitório. Se o pano de fundo das experiências diárias for preencher a falta de alguém, aí sim podemos dizer que estar solteiro é estar só.

A sua felicidade não pode estar exclusivamente apoiada no outro, ela deve partir de inúmeras fontes, mas acima de tudo de dentro de você através da vida que leva, das escolhas que faz, da forma como conduz os seus dias. Importante lembrar que o contato, a troca com o outro, pode sim trazer muita alegria. Já a dependência de uma companhia pode ser o avesso da sua felicidade.

Dra. Juliana Amaral P

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