quinta-feira, julho 04, 2013

Tinha essa coisa com os olhos. Sempre acreditei neles. Mal levava em conta o que os lábios diziam. Supunha logo que era disparate com tal beleza. Essa a dos olhos. E nos meus. Quanto mais sentia queria escurece-los. Com toda pintura que podia. Olhava e detestava. Ia tirando e borrando tudo. Dava boa desculpa para isso. Ai ficava aquela coisinha insossa e ninguém notava. Ou se notava guardava cada um pra si. Mas também nunca disse que queria que fosse de outro jeito. Só esperava que os levassem mais a sério. Aqueles olhos. Acho que não esqueço nenhum par que me cruze. E os disfarçados de insônia ou os pesados de manhã ou os machucados pela vida, que sempre miram o chão. Dou muito valor para os olhos. Os tristonhos, os destemidos, os viajados, os que estão noutro lugar. Vai indo, vai indo. Nunca conseguem achar. Voltam estalados procurando o que não perdeu. E acham.

POr Helena

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