domingo, junho 09, 2013

+ Estilo' convida cinco casais de Joinville para declararem seu amor

As demonstrações de afeto foram feitas por meio de cartas que eles escreveram um para o outro

Por Tuane Roldão
 
 
'+ Estilo' convida cinco casais de Joinville para declararem seu amor Rodrigo Philipps/Agencia RBS
Rolf e Maria Elisa estão juntos há 16 anos Foto: Rodrigo Philipps / Agencia RBS


Para amar, para o amor, não existem regras, fórmulas mágicas, receitas secretas. Há quem se conhece desde sempre, há quem se apaixone no primeiro olhar. Há os que ficam amigos antes, há os que não queriam nada além de um beijo e diversão. Há aqueles que terminam, voltam, terminam, até que se acertam. Há também os que nunca se separam. Existem as relações que começaram agora, e existem as que acontecem há séculos. Para amar, tudo é permitido. Para o amor, nada é errado.
E para celebrar este Dia dos Namorados, a '+ Estilo' convidou cinco casais de Joinville a escreverem cartas em que declarassem seu amor um ao outro – compartilhando, assim, suas histórias de paixão, de luta, de união, de afeto, de respeito e de amor com todos nós. Os cenários foram escolhidos por eles e simbolizam, de alguma forma, a relação que vêm construindo ao longo dos anos.

Casal em sintonia
Na vida e nos palcos, eles performatizam confiança. Karine e Diego são bailarinos da Cia. Jovem Bolshoi Brasil desde 2009. Os passos da dança e os do relacionamento foram dados quase simultaneamente. Naquele mesmo ano, ensaiaram o primeiro beijo e o início do namoro. Um pouco relutante, em princípio – porque Karine demorou a acreditar que o amado quisesse algo sério –, a relação deu um importante salto neste ano: agora, eles moram juntos. A sintonia é tão grande que fica evidente até mesmo para o público que não os conhece: mais do que um par sobre o tablado, são um casal de enamorados.

— Nosso romance teve início em uma turnê com a Cia. Jovem da Escola Bolshoi. Durante essa viagem, um sentimento muito bom despertou em nós dois, algo tão forte e especial que com o tempo virou amor e, desde então, só vem crescendo. Eu e o Diego já nos conhecíamos antes de entrar na companhia, estudamos por dois anos juntos como alunos na Escola Bolshoi, mas só quando entramos para a companhia e nos conhecemos melhor é que nós realmente nos aproximamos e nos apaixonamos por completo! Além de namorados, no palco, eu e Diego dividimos entre nós o amor pela dança. Poder dançar com quem eu amo me proporciona ainda mais satisfação, é uma sensação de confiança e de liberdade para realizar cada movimento, pois sei que tudo vai dar certo, porque naquele momento estamos juntos. Cada vez que o vejo dançar é uma alegria sem tamanho, meu coração fica batendo forte, parece que sou eu quem está ali no palco. A cada salto, uma emoção diferente. O seu sucesso me faz muito feliz!
Karine de Matos, 22 anos, bailarina
— Ser um casal de namorados ajuda muito na minha carreira e da Karine, pois acabamos convivendo bastante e aprendendo com nossas diferenças e afinidades. Digo sempre que nos completamos, fora e dentro dos palcos. Com o tempo de namoro, também adquirimos uma confiança muito grande um no outro, e isso faz com que a nossa dança fique ainda mais bela. Dançar ao lado da minha bailarina faz com que eu a ame mais e mais. No dia 27 de maio, nós completamos quatro anos de namoro. Uma data muito especial para nós dois, pois celebramos a nossa união. É muito bom construir a vida com a pessoa que se ama, planejar um futuro cheio de amor, vida e prosperidade. Tenho certeza de que esse amor será para sempre!
Diego Cunha, 24 anos, bailarino

Sentimentos expostos
Foi uma carta de amor a responsável pela união definitiva deste casal 16 anos atrás. Do primeiro beijo que demorou horas para acontecer, ela quis mais. Ele também. Daqueles momentos intermináveis de conversas na casa dela, para onde ele fugiu alegando estar correndo da chuva, Maria Elisa quis mais. Rolf também. Depois da carta que ela escreveu, a proposta dele de namorarem. E namoram até hoje. Casados desde 2003, os beijos são ainda mais doces e as conversas, mais revigorantes. E, agora, os momentos não são apenas deles, mas também do Vicente, de quatro anos, e do bebê de quatro meses que ela carrega dentro de si. No entanto, não precisam mais de papel para revelar seus sentimentos. Em alto e bom som, Maria Elisa e Rolf transparecem amor numa simples troca de olhares.

— Para Rolf: Seria melhor se fosse falado, pois me considero melhor falando do que escrevendo. Como em nossas conversas intermináveis em torno de como mudar e melhorar o mundo. Como na nossa insistência diária em nos tornarmos iguais. Algo que se traduz, pra mim, naqueles momentos em que você esbraveja: 'Pô, mas é você que parece o homem da casa!' Uma brincadeira que volta e meia nos mostra que entre nós algumas distinções não têm lugar. Como nas nossas preferências tão distintas e, no fundo, tão complementares. Como no modo de pensarmos juntos sobre a melhor forma de criar nossos filhos. Como no calor aconchegante da nossa intimidade. Como nos nossos silêncios e olhares, onde nos compreendemos tão bem. Como nos sonhos e utopias que compartilhamos. Escrever pra você ou sobre você me parecerá sempre pouco, insuficiente para contornar o que sinto, o que vivo e o que penso sobre nosso amor. Então, prefiro dizer: sim, eu te amo. Sim, eu quero você sempre comigo. Sim, você me torna infinitamente melhor.
Maria Elisa Máximo, 36 anos, antropóloga
— Éramos mais jovens e nos divertíamos muito. Naquela época, na universidade, estávamos 'a mil', participando daquela efervescência de ideias de que gostamos e que, enfim, nos uniu. E assim, devagarinho, foi surgindo nossa relação. Fomos 'ficando', depois namorando, foi ficando sério e começaram os planos, noivado, casamento, casa, filhos... Sei que aprendemos muito um com o outro, mas aprendi muito mais contigo. Se sou uma pessoa melhor é por tua causa, me fizeste amar verdadeiramente, me fizeste mais sensível e me fizeste expressar meus sentimentos. E me fizeste querer ficar junto, e te amo mais por isto. Sei que ainda temos muito a aprender, mas estes dezesseis anos juntos – fantásticos – já são uma bela prova de que estamos no caminho certo na construção daquilo que queremos. Como diz nosso filho, 'somos uma família feliz' e quero que assim continue. Sabes, mas não custa repetir, que és a mulher da minha vida, és minha amiga e companheira e, penso, por isso nos gostamos tanto. Enfim, ainda somos jovens e vamos continuar nos divertindo muito, sempre juntos. Te amo.
Rolf Dittrich Viggiano, 38 anos, advogado

Hora certa de amar
Esta é uma daquelas histórias de encontros e desencontros. Juntos há sete anos, casados há três, eles se conhecem desde 1992. Incentivada por uma amiga em comum, Iraci aproveitou a ida ao Festival de Teatro de Curitiba para oferecer uma carona a Robson. Ali, antes mesmo do primeiro beijo, a química foi instantânea. Passaram toda a viagem conversando; contudo, ao retornarem a Joinville, palavras não foram necessárias para definir o novo status de relacionamento: namorando. Depois de idas e vindas, mais maduros, decidiram constituir uma família. Nada modesta, por sinal: além do casal e do filho Pedro, de dois anos, há os cachorros Ícaro e Margot, um gato e, ainda, sete gatas. Hoje, no tranquilo e aconchegante sítio onde vivem, Robson e Iraci não apenas encontram um ao outro, mas, diariamente, têm hora marcada com o amor.

— Ainda bem que meus cinco sentidos são bem apurados e me ajudam o tempo todo a demonstrar o quanto gosto de você. Porque só falando ou escrevendo eu não conseguiria. Sabe quando você sonha com uma vida maravilhosa ao lado do grande amor da sua vida e, quando acorda, percebe que a vida real é muito mais linda? Pois é... Minha vida com você, Iraci, é assim, mais do que já sonhei! Nunca tive muitas certezas, mas tenho a certeza de que a vida sempre vai ser essa maravilha ao seu lado. Só posso agradecer ao amor que aprendi na vida, pra viver com você agora! Pra completar, você se mostrou a mãe mais mãe que o nosso Pedro poderia ter. Parceira das coisas boas e das (poucas) não boas, você dá um brilho em nossas vidas, minha e do Pedroca. Quem nos vê juntos, logo percebe que a felicidade está com a gente! É isso que te digo publicamente: tiamo completamente, todos os dias!
Robson Benta, 48 anos, ator
— Amore... Escrever para você neste momento é uma oportunidade para, despida de conceitos e pré-conceitos, poder falar do tempo que construímos juntos.
Conheço-te desde a minha meninice... Mas fui te encontrar apenas quando já era mulher-feita, num tempo em que eu andava perdida de mim, percorrendo caminhos que a vida me oferecia e vivendo sonhos que nem sempre eram os meus. Encontrei-o no exato momento em que eu tentava voltar para mim, voltar para a casa do meu ser, para o lugar de onde eu era, afinal. E você apareceu e me trouxe de volta pra 'casa'. Ao encontrá-lo, eu me encontrei! E assim, despretensiosamente, em pouco tempo aprendi a amá-lo. Um amor que em alguns momentos me consumiu, testou meus limites, me fez querer parar de amar; mas que por fim me levou até a plenitude de ser mulher, de ser mãe, de ser feliz! Tiamo, com toda minha carne! Tiamo, com toda minha alma! E quero, sim, continuar ao seu lado até ficar bem velhinha! (risos). Beijos.
Iraci Seefeldt, 40 anos, jornalista

Muito em comum
Durante toda a vida, Kinberly e Rodrigo moraram a poucos metros um do outro. Durante toda a vida, ignoraram a existência de um amor calmo, silencioso, cheio de afinidades... até quatro anos atrás, quando a paixão por um esporte os uniu. Entre o encontro na academia de muay thai e o primeiro beijo na pizzaria em que ele trabalhava, passou-se quase um ano. Nesse tempo, as viagens constantes para campeonatos os aproximou e criou um forte vínculo de amizade. Se no tatame a atenção para não serem atingidos é constante, na relação, estes lutadores baixam a guarda e dedicam ao outro um diferente tipo de cuidado: aquele de quem não está preocupado em ser derrotado, porque sabem que, juntos, as conquistas não são possibilidades, mas certezas.

— Rodrigo... Obrigada por fazer meus dias mais felizes, por estar ao meu lado nos momentos de comemoração e nas horas difíceis também. Obrigada por sempre me incentivar a lutar pelos meus objetivos e não me deixar desanimar. Obrigada por me ajudar na correria do meu dia a dia e por aguentar meu mau humor em épocas de competições. Obrigada por ser sempre atencioso e carinhoso e por cuidar tão bem de mim. Você é muito mais que um namorado, é o meu melhor amigo. Amo você. Feliz Dia dos Namorados!
Kinberly Novaes, 22 anos, lutadora
— Kinzinha... Feliz Dia dos Namorados! Você é a menina mais incrível que eu já conheci. É inteligente, batalhadora, educada e linda. E eu sou o cara mais sortudo deste mundo por ser seu namorado. Tenho muito orgulho de você! Cada dia ao seu lado é especial, e quanto mais tempo passamos juntos, mais eu tenho certeza que quero passar o resto da minha vida com você. Te amo para sempre.
Rodrigo Cesar Adrat, 20 anos, lutador

O amor que chega de repente
O amor nem sempre é tranquilo. Às vezes, nos acerta de uma vez só, repentinamente. Foi assim com Leonel e Rebecca. Conheceram-se, tornaram-se amigos, militaram juntos – o que os aproximou ainda mais. Numa noite, após divulgarem a Semana da Diversidade em uma casa noturna de Joinville, ela o beijou. Desde então, esta história ganhou ainda mais ritmo. Não demorou muito para que viesse Francisco, que hoje tem um ano e sete meses. Em seguida, Bernardo, de três meses. Não há lugar para os papéis tradicionais de homem e mulher nesta relação. Existe, sim, muito companheirismo, respeito e afeto. No dia a dia – que se tornou mais corrido desde o nascimento das crianças – esta família convive sob a lógica da igualdade.

— Minha história com a Rebecca foi uma grata surpresa da vida. Nossa relação começou por outros caminhos, num misto de amizade e militância política. Quase um ano depois, fomos surpreendidos por um sentimento alegre e inesperado. Era amor. Morávamos em cidades diferentes, mas havia muito em comum: amigos, ideologias, um carinho inexplicável desde que a vi pela primeira vez. Uma relação que começou conturbada, mas foram problemas que sumiram com o tempo. Aliás, tempo é algo que para nós passou muito rápido. Ou melhor: muitas coisas aconteceram em pouco tempo, o que dá essa sensação de ter vivido mais do que realmente se passou. Em quase três anos, tivemos dois filhos lindos – o Francisco e o Bernardo –, duas eleições, três mudanças e muitos momentos felizes. E é por todo esse tempo que já passamos juntos, por tudo que construímos, por todas as dificuldades que enfrentamos no passado (e ainda hoje!), por tudo isso, eu te amo e te quero bem pertinho de mim. Mais do que namorados felizes, nos tornamos uma família feliz. Te amo!
Leonel Camasão, 26 anos, jornalista
— Sabe aquele trecho da música do Cazuza 'eu quero a sorte de um amor tranquilo'? Então, é mais ou menos isso que eu vivo com meu companheiro, Leonel. 'Nós, na batida, no embalo da rede', nas manifestações, na criação dos nossos filhos, na construção de um projeto político, no dia a dia, nas desventuras e descobertas. Sincronizamos o passo e essa caminhada que escolhemos fazer juntos tem sido leve e muito prazerosa. Acredito que mereço e que posso dar muito mais que vivências românticas, sensuais ou domésticas. Temos isso também, mas temos muito mais. Temos a possibilidade de encontrar nessa relação um respiro, um refúgio do absurdo que é este mundo. Aqui entre nós, podemos ser iguais, diferentes, múltiplos. Podemos encontrar doçura e acolhimento. Podemos viver com generosidade, viver sem tabus, sem papéis, sem regras pesadas. Podemos exercitar o respeito, sempre, nos dias difíceis, nos silêncios, nas divergências. Isso é bem certo, e posso até declarar nos jornais sem vergonha de parecer piegas: com ele, eu posso ser e viver melhor.
Rebecca Neto, 26 anos, operadora comercial de rádio

Nenhum comentário: