Por Marina Oliveira e Rita Trevisan
-
Medo de sofrer outra decepção e de sofrer novamente faz com que a pessoa evite novas paixões
Você construiu um relacionamento baseado em cumplicidade e troca de carinhos. Fez mil planos com o par. Ao lado do seu amor, o bem-estar era tão grande que foi inevitável tornar-se dependente daquele afeto.
Porém, de um ponto em diante, o relacionamento começou a desandar. De repente, a relação começa a ficar conturbada, você descobre que muito do que tinha imaginado a respeito do outro não era de fato verdadeiro e, então, vem a decepção --e, muitas vezes, o medo de se apaixonar novamente.
"As decepções são sempre muito dolorosas, porque nos relacionamentos amorosos há um investimento afetivo", diz a psicóloga Elisa Villela, doutora em desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo).
"Para algumas pessoas, a dor é tão grande que é similar a uma morte. Mas é uma morte de sonhos, expectativas, o fim da esperança de estar com alguém e ter um final feliz", diz a psicóloga Heloisa Fleury, mestre em Ciências pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e professora do Instituto Sedes Sapientiae, espaço de ensino e especialização para profissionais da área de saúde mental.
Medo de amar
O lado positivo
Sentir-se mal ao fim de um relacionamento é completamente normal --e até esperado. Afinal, só quem se envolve se desaponta. Além disso, quem se entrega, em geral, tem mais oportunidades de aprender com os relacionamentos.
"É preciso ter em mente que não é porque o relacionamento acabou que nada deu certo", diz Reginaldo do Carmo Aguiar, psicólogo clínico comportamental pela UFU (Universidade Federal de Uberlândia).
Até a raiva que vem depois do fim, misturada à sensação de abandono ou rejeição, não é tão negativa quanto parece. "A raiva pode ser necessária para que a pessoa reencontre seu equilíbrio, para que retome o que investiu no outro durante o relacionamento", diz Elisa.
O sentimento só é perigoso quando se transforma em ressentimento. "Nessas condições, a raiva aprisiona a pessoa ao outro e impede que ela volte a se relacionar normalmente", diz ela.
Da fossa à volta por cima
Para transformar o sofrimento em algo mais produtivo, o melhor a fazer é tentar entender o que aconteceu com o relacionamento, do início ao fim. Nesse processo, é essencial reconhecer os próprios erros e analisar quais foram as falhas do outro. "É fundamental pensar no que gerou essa mudança de comportamentos, levando ao término da relação e à desilusão amorosa. Sem buscar compreender esses fatos, fica difícil superar o ocorrido", diz Aguiar.
Contar amigos nesse momento também ajuda, já que boas conversas permitem reavaliar o acontecido, geralmente de um ponto de vista mais crítico e realista. "Procure, principalmente, pessoas mais velhas, que já passaram por diversas situações desse tipo e que podem ser boas referências para orientações e conselhos", diz Aguiar.
"Tente olhar para a sua nova situação como uma oportunidade para conhecer outras pessoas, outros lugares e outras situações. E vá superando o medo de recomeçar. Estar só significa estar aberto para o novo", diz Heloisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário