Por André Lenz
Ando meio perdido. Meio não eu, apenas vagando pela minha
rotineira vida sem muito emocionar, sem muito sentir. Sinto falta de algo que
não tenho, algo que quero ter, mas como posso sentir falta se nunca tive? Como
posso saber como é se nunca vi? Sinto que conheço, ou ao menos sei como deverá
ser. Já sentir, não garanto que conseguirei. Essa vida de caminhante, viajante
de uma vida só. Vou andando sem rumo, sem eira nem beira, apenas esquivando-me
das pedras do caminho, pedras estas que não fui eu que as coloquei, ou será que
já as havia jogado?
Talvez nunca saiba. A única coisa que sei é de mim.
Perdido, mas pelo menos sei que estou em algum lugar. O que me falta é saber
como chegar, as respostas para as perguntas bobas e ridículas que podem me dar a
direção. Esquerda? Direita? Como eu vou saber? Mas na mínima escolha errada,
talvez eu caminhe longe demais e não consiga retornar.
Estou aqui parado, sentando, pensando não estar gastando
energia nenhuma, mas talvez gastasse menos se estivesse caminhando, pois a dor
de ficar preso aos meus próprios sentimentos é maior do que a que eu sentiria em
minhas pernas.
Noite, dia, as lágrimas nos meus olhos quase não me
deixam distinguir. Consigo apenas sentir o calor na minha pele ou as gotas
caindo sem cessar. Gritar não adianta, pois pior do que falar alto, é talvez
falar alto pra quem não quer ouvir e não quero correr o risco de gritar para
pessoa errada.
O tempo passa. Estou aqui esperando talvez um milagre que
nunca possa acontecer, mas um daqueles bem grandes mesmo, de mover montanhas com
a fé. Talvez não a minha fé, fé de quem, então?
Quase ouço o som do silêncio embriagando-me de paz e
tranquilidade quebrada apenas por um chamado:
- Por aqui!
Quem? Como? Onde? Delírio? Talvez minha espera tenha
tirado minha sanidade e meus loucos devaneios estejam somente pregando peça em
minha mente. Então respiro não fundo, mas de leve, quase sem terminar e ao mesmo
tempo sentindo o pulso de um coração a apanhar, pois não sabe bater.
Abro meus olhos em todas as direções, não vejo nada, o
tempo embaçou meus olhos. Fico em silêncio por um minuto apenas me concentrando
em mim mesmo.
- Por aqui!
Ouço novamente, daquele lado ali, sem ao menos enxergar
alguma coisa. Talvez eu esteja louco, talvez não esteja. Talvez
seja real ou imaginário. A verdade é que fiquei muito tempo esperando e preciso
sair. Preciso andar e caminhar lentamente em alguma direção que não sei qual,
que nem sei aonde.
Apego-me então à vontade de mover-me e sigo ali, àquele
que me chamou, que apenas me deu uma opção. Não faço idéia para onde estou indo,
mas melhor do que esperar, é saber que neste mundo inteiro de silêncio e de
solidão apenas duas palavras deram-me um caminho. Talvez não seja o melhor
caminho ou o mais fácil ou mesmo o mais feliz, mas basta saber somente que
alguém me quer por ali. Ali onde não posso ver, mas que daqui onde estou,
conseguiu enxergar-me.
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