Por André Lenz
Hoje
cheguei à conclusão de que morri, não digo morte de corpo, pois senão não
estaria escrevendo a vocês agora, mas sim morte de alma.
Meu coração
já não bate mais forte, fica apenas pulsando o suficiente para me manter vivo,
respirando. Aquele pulsar descontrolado e de ritmo frenético ao ver alguém, já
não acontece mais, não sinto mais, como se ele fosse escapar pela boca ou
explodir dentro do meu peito. Meu coração de tanto apanhar já desistiu de bater,
não briga mais, ele apenas apanha.
Minha
respiração é calma e serena, bem fraquinha. Já não perco mais o fôlego ao cruzar
o corredor e dar de cara com alguém. Não me sinto mais ofegante só de olhar ao
longe, muito menos tenho aquela respiração mais forte, típica de se estar
apaixonado. Eu apenas respiro.
As mãos
estão sempre secas. Nunca mais suaram e deslizaram ou foram apertadas uma contra
a outra tentando disfarçar. Não é necessário, porque nada mais me desperta esse
sentimento louco que mexe com os sentidos. Elas apenas estão paradas.
Os olhos
conseguem ver somente a multidão. Não conseguem mais ficar atentos a uma só
pessoa, esquecendo que no meio muitas outras estão ao redor. Os olhos não se
fixam somente na mesma imagem delicada e magnífica, pois no momento, ela não
passa de ilusão e sonho. Os meus olhos apenas enxergam.
A boca
apenas acostumou-se a ter um sorriso comum, desses de contar piada e não mais um
sorriso tolo de não ter o que sorrir só pelo fato de se estar feliz em pensar.
Já não falo mais palavras bestas que a gente só fala quando não tem nada pra
falar só por se estar feliz por amar. Agora falo por dizer qualquer coisa tola
pra esquecer. Minha boca apenas sorri, apenas fala.
Meu corpo
move-se no ritmo normal de viver, no ritmo normal do existir sem muitos
propósitos. Viver por mim mesmo, porque não tenho ninguém por quem viver, por
quem fazer, por quem sentir, apenas sonhos e pensamentos que se perdem ao mover
do tempo cruel em cada dia mantendo minha angústia e desolando meus planos.
Meu
coração, minha respiração, meus olhos, meu corpo, minha boca, meu tudo só me
mostra que morri de sentir, de amar. Morri não de amor, mas morri por não amar e
com isso, sigo minha vida desolado sem ao menos ter alguém que ressuscite em mim
algo que agora está completamente perdido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário