sexta-feira, junho 22, 2012

O PREÇO DA INFIDELIDADE

Problema frequente entre os casais que, muitas vezes, os mantém em estado de vigilância constante podendo destruir um casamento de anos e, além disso, desencadear distúrbios psicológicos como o ciúme patológico, por exemplo.
 Em seu livro, Para Além do amor (1995,) Aaron Beck citou uma pesquisa realizada no ano e 1983 por Philip Blumstein e Pepper Schwartz onde foi constatado que pelo menos 21% das mulheres e 37% dos homens tiveram um caso extraconjugal no prazo de dez anos depois do casamento. Essas mesmas pessoas também foram questionadas sobre suas preferências e todas concordaram que a monogamia seria fundamental para a relação. Apesar desse entendimento, ainda assim traíram seus parceiros. 
 Caso extraconjugal é bastante comum, porém, os efeitos colaterais sobre o casamento são extremamente devastadores se esses casos forem descobertos. Quando isso acontece fica evidente o quanto o casamento precisa de ajustes, esse sintoma é um aviso de que a união não está bem. A grande maioria dos clientes que procuram ajuda psicológica informam que já tiveram casos antes da separação. Por que um caso tem um efeito tão traumático sobre o parceiro ofendido? Caso este que muitas vezes são considerados pelos autores como sendo insignificantes? Isso acontece em função da interpretação que o outro faz da situação. Aqui a situação é dramatizada em função do erro cognitivo tudo ou nada. Em outras palavras, na infidelidade: ou se é fiel ou infiel. Não há meio termo. Um único caso é o suficiente para rotular o parceiro de traidor, infiel e mentiroso. Assim como uma pessoa que rouba uma vez somente é considerada ladra ou a pessoa que se esquece de pagar uma conta importante no mês pode ser considerada irresponsável. Diante dessa forma de pensar o traído sente uma profunda ferida em seu orgulho ou sente como se algo que lhe pertencesse tivesse sido roubado. 
Essa visão tudo ou nada faz a pessoa traída perceber a situação como bem mais ameaçadora à relação do que de fato é. Claro que não podemos ignorar o fato de que a ameaça não é imaginária. Um único caso pode realmente se estender para algo muito mais sério. O que os autores procuram deixar claro é que nem todos os casos representam uma ameaça tão importante para o casamento. Infelizmente muitos casais só procuram a terapia quando o casamento já está muito sintomático. Uma terapia pode ajudar o casal a resolver os problemas e assim reduzir a probabilidade de recorrência do ato. Uma das primeiras etapas corretivas é tentar reformular a perspectiva que o traído faz do cônjuge infiel. Será a ofensa um pecado realmente imperdoável? Quantos amigos casados já traíram? Será tão terrível assim? Talvez após uma terapia o parceiro (a) perceba que se ele (a) quer com sinceridade se dedicar à melhoria da relação, não há motivo para procurar satisfação fora do casamento. E se de fato o parceiro percebeu que cometeu um erro e se arrependeu de fato? Se pararmos para pensar é compreensível que o parceiro traído fique desesperançado após a descoberta do caso extraconjugal. Depois que isso acontece o traído descobre que está vivendo com uma pessoa que perdeu todo controle. As pessoas casadas precisam ter a sensação de que o parceiro não só ficará dentro de certos limites como também de que tem algum controle sobre o outro. Que podem influenciá-lo para que não faça nada que as magoem. A confiança dá ao parceiro a segurança de que a relação vem em primeiro lugar e que não será sacrificada por um capricho ou autoindulgência. Muitas vezes dar satisfação ao parceiro não é se deixar controlar ou ser submisso, mas sim dar segurança e paz a pessoa que ama. Concentrar-se na meta na área afetiva é o melhor caminho para a harmonia. Por que fazer algo que atrapalha o alcance dos objetivos? 
Como recomeçar com tantas feridas abertas? Pesquisadores afirmam que apesar das mágoas é importante que a pessoa ofendida pratique a empatia e se coloque no lugar do outro, procure compreender que a solidão dentro de um casamento pode deixar o parceiro totalmente vulnerável. O perdão é essencial para a reconciliação e depois disso entender que é necessário tolerar a incerteza de não saber algumas coisas em relação ao parceiro. Tolerar a incerteza de não saber onde seu cônjuge está em alguns momentos. É necessário o casal começar a demonstrar que se importam um com o outro, voltar ao tempo da conquista, dar-se presentes, sair com frequência para um jantar, fazer planos para um fim de semana, planejar bons momentos a dois, enfim fazer coisas diferentes. Os casais precisam acima de tudo aprender a dialogar e serem honestos um com o outro para resolver seus conflitos. Muitas vezes, é necessária uma terapia para aprender regras ou etiquetas na conversação e assertividade a fim de evitar desentendimentos. Mas sim, é possível um recomeço. 
Por Cleonice Andrade

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