sexta-feira, maio 04, 2012

A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS

A paixão de Cristo, a partir de um ponto de vista médico
C. Trunan Davis


De repente, eu percebi que eu tinha tornado a crucificação de Jesus
mais ou menos sem valor, durante estes anos, que havia crescido calos em
meu coração sobre este horror, por tratar seus detalhes de forma tão
familiar – e pela amizade distante que eu tinha com Ele.

Isto finalmente aconteceu comigo quando, como médico, eu não sabia
o que verdadeiramente ocasionou a morte imediata. Os escritores do
evangelho não nos ajudam muito com este ponto, porque a crucificação era
tão comum naquele tempo que, sem dúvida, acharam que qualquer detalhe
seria desnecessário.

Eu estudei a prática da crucificação, que é a tortura e execução de
alguém o fixando na cruz.

A coluna vertical era geralmente fixada ao solo, onde seria a
execução, e o réu era forçado a carregar o poste horizontal, pesando
aproximadamente 55 quilos, da prisão até o lugar da execução.

EXPLICAÇÃO

A paixão física de Jesus começou no Getsêmani. Em Lucas diz: "E
estando em agonia, Ele orou. E Seu suor tornou-se gotas de sangue,
escorrendo pelo chão."

Todos os estudos têm sido usados por escolas modernas para
explicarem esta fase, aparentemente debaixo da impressão que isto não pode
acontecer.

No entanto, pode-se conseguir muito consultando a literatura
médica. Apesar de muito raro, o fenômeno de suor de sangue é bem
documentado.

Debaixo de um stress emocional, finos capilares nas glândulas sudoríparas
podem se romper, misturando assim o sangue com o suor. Este processo causa
fraqueza e choque.

Atenção médica é necessária para prevenir hipotermia.

Após a prisão no meio da noite, Jesus foi trazido ao Sumo
sacerdote, onde sofreu o primeiro trauma físico. Jesus foi esbofeteado na
face por um soldado, por manter-se em silêncio ao ser interrogado por
Caifás. Os soldados do palácio tamparam seus olhos e caçoaram d’Ele,
pedindo para que identificasse quem O estava
batendo, e esbofeteavam a Sua face.

De manhã cedo, Jesus, surrado e com hematomas, desidratado, e
exausto por não dormir, foi levado a Jerusalém para ser chicoteado e então
crucificado.

Os preparativos para as chicotadas são feitos: o prisioneiro é
despido de Suas roupas, e Suas mãos amarradas a um poste, a cima de Sua
cabeça. É duvidoso se os Romanos seguiram as leis judaicas quanto as
chibatadas. Os judeus tinham lei antiga que proibia mais de 40 (quarenta)
chibatadas. Os fariseus, para terem certeza que esta lei não seria
desobedecida, ordenava apenas 39 chibatadas para que não houvesse erro na
contagem.

CHICOTE DUPLO

O soldado romano dá um passo a frente com um chicote com várias
pesadas tiras de couro com 2 (duas) pequenas bolas de chumbo amarradas nas
pontas de cada tira.

O pesado chicote é batido com toda força contra os ombros, costas e
pernas de Jesus.

Primeiramente as pesadas tiras de couro cortam apenas a pele.
Então, conforme as chibatadas continuam, elas cortam os tecido debaixo da
pele, rompendo os capilares e veias da pele, causando marcas de sangue, e
finalmente, hemorragia arterial de vasos da musculatura. As pequenas bolas
de chumbo primeiramente
produzem grandes, profundos hematomas, que se rompem com as subsequentes
chibatadas.

Finalmente, a pele das costas está pendurada em tiras e toda a área está
uma irreconhecível massa de tecido ensangüentado. Quando é determinado,
pelo centurião responsável, que o prisioneiro está a beira da morte, então
o espancamento é encerrado.

Então, Jesus é desamarrado, e Lhe é permitido deitar-se no
pavimento de pedra, molhado com Seu próprio sangue. Os soldados romanos
vêm uma grande piada neste Judeu, que clamava ser o Rei. Eles atiram um
manto sobre os Seus ombros e colocam um pau em Suas mãos, como um cetro.
Eles ainda precisam de uma coroa para completar a cena. Um pequeno galho
flexível, recoberto de longos espinhos é enrolado em forma de uma coroa e
pressionado sobre Sua cabeça. Novamente, há uma intensa hemorragia (o
escalpo é uma das regiões mais irrigadas do nosso corpo). Após caçoarem
d’Ele, e baterem em
Sua face, tiram o pau de Suas mãos e batem em Sua cabeça, fazendo com que
os espinhos se aprofundem em Seu escalpo. Finalmente, cansado de seu
sádico esporte, o manto é retirado de Suas costas. O manto, por sua vez,
já havia se aderido ao sangue e grudado, nas feridas, justo como em uma
descuidada remoção de uma bandagem cirúrgica, causa dor cruciante...quase
como se estivesse apanhando outra vez – e as feridas, começam a sangrar
outra vez.

A pesada barra horizontal da cruz á amarrada sobre Seus ombros, e a
procissão do Cristo condenado, dois ladrões e os detalhes da execução dos
soldados romanos, encabeçada por um centurião, começa a vagarosa jornada
até o Gólgota. Apesar do esforço de andar ereto, o peso da madeira somado
ao choque produzido pela grande perda de sangue, é muito para Ele. Ele
tropeça e cai.

Lascas da madeira entram na pele dilacerada e nos músculos de Seus ombros.
Ele tenta se levantar, mas os músculos humanos já não suportam mais. O
centurião, ansioso para a crucificação, escolhe um norte-africano, Simão,
para carregar a cruz.

Jesus segue ainda sangrando, suando frio e com choques. A jornada é
então completada. O prisioneiro é despido – exceto por um pedaço de pano
que era permitido aos judeus.

A crucificação começa: a Jesus é oferecido vinho com mirra, uma
mistura para aliviar a dor. Jesus se recusa a beber. Simão é ordenado a
colocar a barra no chão e Jesus é rapidamente jogado de costas, com Seus
ombros contra a madeira. Os soldados procuram a depressão entre os osso de
Seu pulso. Ele dirige um pesado, quadrado prego de ferro, através de Seu
pulso para dentro da madeira. Rapidamente ele se move para outro lado e
repete a mesma ação, tomando o cuidado de não pregar muito apertado, para
possibilitar alguma flexão e movimento. A barra da cruz é então levantada,
e sobre o topo, a inscrição onde se lê: "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus",
é pregada.

O pé direito é pressionado contra o pé esquerdo, e com os pés
esticados, os dedos para baixo, um prego é martelado atravessando os pés,
deixando os joelhos levemente flexionados. A Vítima está agora
crucificada. À medida que Ele se abaixa, com o peso maior sobre os pregos
dos pulsos, cruciante e terrível dor passa pelos dedos e braços,
explodindo no cérebro – os pregos dos pulsos comprimem
os nervos médicos.

Conforme Ele se empurra para cima, a fim de aliviar o peso e a dor, Ele
descarrega todo o Seu peso sobre o prego em Seus pés. Outra vez,
desencadeia a agonia do prego colocado entre os metatarsos se Seus pés.

EXPLICAÇÃO

Neste ponto, outro fenômeno ocorre. Enquanto os braços se cansam,
grande ondas de cãibras percorrem Seus músculos, causando intensa dor. Com
estas cãibras, vem a inabilidade de empurrar – Se para cima, Pendurado por
Seus braços, os músculos peitorais ficam paralisados, e o músculos
intercostais incapazes de agir. O ar pode ser aspirado para os pulmões,
mas não pode ser expirado. Jesus luta para se levantar a fim de tomar
fôlego.

Finalmente, dióxido de carbono é retido nos pulmões e no sangue, e
as cãibras diminuem.

Esporadicamente, Ele é capaz de se levantar e expirar e inspirar o
oxigênio vital. Sem dúvida, foi durante este período que Jesus consegui
falar as sentenças registradas:

Jesus olhando para os soldados romanos, lançando sorte sobre Suas
vestes, "Pai, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem."

Em Lucas 23:34 a forma do verbo no presente continuo indica que Ele
continuou dizendo isto. Ao lado do ladrão, Jesus disse: "Hoje você estará
comigo no Paraíso."

Jesus disse, olhando para baixo ao atemorizado e quebrantado
adolescente João, " eis a Sua mãe" e olhando para Maria, Sua mãe disse:
"eis aí o seu filho".

O próximo clamor veio do início do Salmo 22, "Meu Deus, meu Deus,
por que me desamparaste?

Horas desta dor limitante, ciclos de contorção, caibras nas juntas,
asfixia parcial intermitente, intensa dor por causa da lascas enfiadas nos
tecidos de Suas costas dilaceradas, conforme Ele se levanta contra o poste
de crus. Então outra dor de agonia começa. Uma profunda dor no peito,
enquanto seu pericárdio se enche
de um líquido que comprime o coração.

Agora está quase acabado – a perda de líquidos dos tecidos atinge
um nível crítico – o coração comprimido se esforça para bombear o sangue
grosso e pesado aos tecidos – os pulmões torturados tentam tomar pequenos
golpes de ar.

Os tecidos, marcados pela desidratação, mandam estímulos para o cérebro.

Jesus suspira de sede. Uma esponja embebida em vinagre, vinho
azedo, o qual era o resto da bebida dos soldados romanos, é levantada aos
Seus lábios. Ele, aparentemente, não toma este líquido. O corpo de Jesus
chega ao extremo, e Ele pode sentir o calafrio da morte passando sobre Seu
corpo. Este acontecimento traz as Suas próximas palavras – provavelmente,
um pouco mais que um suspiro de tortura.

"ESTÁ CONSUMADO"

Sua missão de sacrifício está completa. Finalmente, Ele permite o
Seu corpo morrer.

Com uma última força, Ele mais uma vez pressiona o Seu peso sobre
os pés contra o prego, estica as Suas pernas e toma profundo fôlego e grita

"ESTÁ CONSUMADO"

Paulo Coelho








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