quarta-feira, maio 30, 2012
As armadilhas do amor
Cinco crenças, ideias e conceitos equivocados que atrapalham os relacionamentos
Por Alexandre Adoni,
Foto: Getty Images
A vida não é um comercial de margarina. Não
querer ver os defeitos do outro é uma forma de fugir de conflitos e
camuflar a realidade
> Armadilha 1: O amor é cego
Depois de tanto tempo procurando o idealizado príncipe encantado, reconhecer que o parceiro também é de "carne e osso" pode ser altamente frustrante, daí a cegueira. "O amor é cego para que não vejamos no outro o que não nos interessa", explica Sócrates Nolasco. Para Lídia Rosenberg, tal crença estaria apoiada em certo comodismo. "Os parceiros teimam em não enxergar algumas características negativas do outro, ou a encontrar desculpas para explicar as falhas", diz.
Como sair dessa? Abra bem os olhos para as qualidades do parceiro, mas também para os seus defeitos. Afinal, ao entrar em nossas vidas, o outro traz o pacote completo, com coisas boas e ruins. Além disso, para amar é preciso se surpreender mais do que prever.
> Armadilha 2: "Com jeitinho eu mudo ele"
Caímos nessa armadilha quando acreditamos ter o poder e a capacidade de mudar o outro. Tentado resolver as coisas com "jeitinho", driblando a realidade enquanto cria-se um roteiro ideal para a relação. "Isso pode gerar uma onda de manipulação e controle para que tudo saia como se estabeleceu em um script. Todavia, uma relação não tem script porque ela acontece entre dois diferentes, que constroem, dia a dia, o que o casal considera relevante e valioso para ambos", explica Nolasco.
Como sair dessa armadilha? É preciso um pouco de humildade. "Reconhecendo que o outro não é feito sob medida para agradar e que as pessoas só mudam quando a própria pessoa está incomodada com aquele comportamento", aconselha Lídia. Mas se o jeito, mania ou atitude for intolerável, melhor abrir mão da estabilidade em favor de um futuro mais feliz, quem sabe com outra pessoa compatível.
> Armadilha 3: "Adivinho seus desejos"
Armadilha muito comum quando o nível de intimidade do casal parece ser muito grande. "Adivinhar os desejos do outro é querer antecipar-se às insatisfações vividas por ele, livrá-lo delas. Como se o outro, sem seu próprio mal-estar, se tornasse um eterno devedor apaixonado", ressaltou Sócrates.
Como sair dessa armadilha? Comunicar-se mais com seu parceiro ao invés de adivinhar o que ele está pensando pode ser uma boa maneira. "É aprender a perguntar e a respeitar a resposta", diz Rosenberg. "Se cada um de fato adivinhasse sempre os desejos do outro, não haveria nada a ser descoberto e a relação morreria de tédio".
> Armadilha 4: "Agora somos um só"
Sabe aquela história de encontrar "a outra metade da laranja" para, então, sermos um só? Trata-se de mais uma crença de sucesso equivocada. "A tentativa de ser um só com o outro aparece quando fracassamos nesta empreitada com nós mesmos", analisa Nolasco. Geralmente, caímos nessa armadilha em momentos de insegurança: "Acontece quando a gente morre de medo das diferenças e tenta congelar o vínculo e o parceiro numa imobilidade incompatível com a vida", situa Lídia Rosenberg.
Como sair dessa? É preciso aprender a gerenciar inquietude que o parceiro provoca. "Se o que procuramos em uma relação é ser um só, não seremos nada", frisa o psicanalista. Na verdade, as relações existem para que sejamos muitos e diferenciados, bobagem é deixar de viver plenamente por medo dos ricos.
> Armadilha 5: "Eu amo o suficiente por nós dois"
Teoricamente, um casal é formado por dois indivíduos que se amam reciprocamente. Mas nem sempre é assim, às vezes a relação está afundando e teima-se em salvá-la "amando pelos dois". E é justamente neste momento que se cai nesta armadilha: "É quando se deixa tomar pela onipotência e pela cegueira, que leva a negar a existência do outro, com seus desejos e escolhas", diz Lídia. Nolasco frisa que isso não tem nada relacionado com amor: "Amar por dois significa não amar ninguém, pois quando se ama suporta-se a desigualdade de sentimentos, sejam eles quais forem", afirma.
Como sair dessa armadilha? É preciso recobrar o amor-próprio e levantar a cabeça. Também é preciso sempre lembrar que uma relação amorosa é movida pelos desejos e interesses de duas pessoas diferentes. O amor de um pode ser ilimitado, mas não é onipotente.
OS HOMENS NÃO REPARAM EM DETALHES
Lyn e Chris estão voltando de carro de uma festa. Ela orienta e ele dirige, e
acabam de ter
uma discussão porque ela lhe disse para virar à esquerda
quando queria dizer à direita.
Passam-se nove minutos de silêncio até que
ele suspeita de
alguma coisa:
- Querida... está tudo bem? - ele pergunta.
-
Está tudo
ótimo! - ela responde.
A ênfase que deu à palavra "ótimo" confirma que nada está bem.
Ele passa em revista o que aconteceu
na festa.
- Eu fiz alguma coisa errada esta noite?
- Não quero falar sobre isso! - ela dispara.
Significa que está zangada e
quer falar
sobre o assunto.
Ele continua
completamente perdido, sem
entender o que
possa ter feito para ela ficar tão aborrecida.
Me diz, por favor, o que foi que eu fiz?
Geralmente, em situações como essa, o homem está dizendo
a verdade - ele
simplesmente não entende o problema.
- Está bem. Já que você fica
se fazendo de inocente, eu vou dizer.
Mas
não é fingimento.
Ele realmente não sabe. Ela respira fundo.
- Aquela perua
passou a noite
toda dando em cima de você e, em vez de sair
fora, você bem que gostou!
Agora é que
ele não entende mais nada. Que perua? Quem estava dando em
cima dele? Ele não notou coisa alguma!
Vejamos: enquanto
a "perua" (essa é uma
expressão feminina,
os homens
diriam que
era uma "gata") conversava com ele, inclinava o quadril, lançava olhares demorados
em sua direção, mexia no cabelo, passava a mão na coxa, segurava o
lóbulo da
orelha, brincava
com a haste do copo de vinho
e falava como
uma garotinha. Ele é um caçador. Consegue enxergar uma zebra à distância
e dizer a
que velocidade ela está correndo. Não tem a habilidade
feminina de identificar os
sinais visuais, vocais e de linguagem
corporal que indicam
o interesse da outra pessoa. As mulheres que estavam na festa perceberam as intenções da perua sem
precisar nem mesmo mover a cabeça. E uma mensagem
telepática de "perua na área" foi enviada e recebida
por todas. A maior parte dos homens nem notou.
Portanto, em uma situação assim, quando um homem disser que está falando a
verdade, é provável que esteja mesmo. O cérebro masculino
não está preparado para ouvir ou enxergar detalhes.
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