domingo, abril 15, 2012

Não é preciso ciência para explicar o que acontece no corpo durante um beijo, diz neurocientista


A pupila dilata, dá um arrepio na nuca, o rosto enrubesce, os batimentos cardíacos ficam mais acelerados. E tudo termina em um beijo. Para descrever essas sensações, não é preciso ciência, diz o neurocientista Martin Cammarota. Segundo ele, nenhum cientista se dedicou, até hoje, a colocar um casal em um laboratório para analisar a neurofisiologia de um beijo apaixonado. O que se lê sobre o assunto, inclusive em publicações científicas, está mais na esfera da percepção.

Diretor do Laboratório de Neuroquímica e Neurofisiologia do Comportamento do Instituto de Pesquisas Biomédicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Cammarota comenta que alguns estudos tentam compreender as respostas cerebrais que diferenciam o desejo sexual e o amor.

— Esses dois pontos seriam extremos de um mesmo contínuo de estímulos da região cerebral chamada ínsula — explica o especialista.

Nesse circuito neural, o cérebro processa informações que levam à sensação de prazer e progridem para outras regiões cerebrais que acionam a expectativa de recompensa e a percepção de um convívio social, um desejo de união com o outro. O que é consenso entre os estudiosos do tema, conforme Cammarota, é que o desejo sexual é, também, parte do amor.

— O amor seria uma representação cognitiva complexa formada a partir de sensações de aspecto muito mais visceral — comenta.

Talvez seja aí que se possa enquadrar o beijo, como uma manifestação do desejo de união com o outro — seja por mera atração sexual, seja com intenção de estabelecer uma relação duradoura.

O resto são respostas anatômicas a estímulos cerebrais que, como Cammarota mesmo diz, não precisam de explicação científica. Basta um beijo para saber como é. E nenhum é igual ao outro.

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