sábado, março 24, 2012

A Felicidade Só é Utópica pra quem não acredita nela



Reclamar da vida é um vício pior que café ou cigarro. Principalmente em lugares onde o caos reina, como nas grandes cidades, estar feliz ou buscar a felicidade é visto como uncool, como besteira de gente que não vive com os pés na Terra. O cara que aplaude o pôr-do-sol é visto como louco – o que reclama do calor do verão e do frio do inverno, não. Porque, pra alguns, bom mesmo é reclamar da vida, usar o FB e o twitter como muro de lamentações, cultuar o lado negro da nossa existência. Afinal, pouca gente consegue lidar com a leveza da felicidade.
Sempre é difícil falar de sentimentos, pois eles não podem ser descritos por palavras. Principalmente para nós, que deixamos de lados nossos outros sentidos, e confiamos nas transmissões de ideias e sentimentos através da fala. Daí a gente passa a vida toda tentando explicar fenômenos como a felicidade. O que significa ser feliz? É possível sermos felizes ou somente estarmos felizes? Essa questão é tão complexa, que em idiomas como na língua inglesa, ser e estar é uma coisa só – “We are happy” pode ser tanto somos felizes, como estamos felizes.
Eu vejo uma grande diferença entre os dois termos.
Acredito, humildemente, que felicidade é algo que se busca todos os dias. Temos uma mania nociva que tende a nos levar pra baixo em muitos momentos da vida. Vemos sempre mais razões para reclamar das coisas, do que para celebrá-las. É aquela história de ver o copo meio vazio ou meio cheio. Como quando acordamos atrasados para ir trabalhar e, ao chegar na garagem, a bateria do carro acabou. Como seres mimados que somos, reclamamos que a vida é injusta, que isso tem que acontecer justamente com a gente, bem no dia que estávamos atrasados. Estupidamente, reclamamos da vida quando deveríamos dizer – “Acabou a bateria, mas UFA, que bom que eu tenho pernas pra andar até o metro e dinheiro para pagar minha passagem.” A ingratidão reina. (aliás, tem um ótimo tumblr chamado Classe média sofre que retrata maestralmente os seres egoístas que somos, vale o clique.)
E são exemplos assim que me fazem pensar na metáfora da bifurcação, quando pensamos em felicidade – o tempo todo, somos sujeitados a situações nas quais nos vemos em frente a uma bifurcação. Como no caso do carro sem bateria – assim que você constata o problema, você fica de frente para duas estradas – a do lado negro (e mais tentadora) que é reclamar, mal-dizer, ficar de mau-humor. E a do lado da luz – pensar que sempre poderia se pior e agradecer por todos os outros presentes que a vida te dá.
A sua escolha nesses momentos, determina o caminho que você traça diariamente na sua vida. Ora, pois se nesse exato momento, você está onde está, isso se deve a suas escolhas – sejam elas boas ou ruins. Se você sempre escolhe o lado negro, você vai entrando num túnel de sombra, que deixa seus dias pesados, dolorosos, sofridos. Seu mau-humor por causa do carro vai fazer com que você chegue no trabalho nervosa. Aí a recepcionista vai falar algo com você e você dá uma patada – claro, como poderia ser diferente. E aí você responde a um email com tolerância zero. Sua amiga te liga e você despeja nela sua lista de problemas. E assim por diante, até que, no fim do dia, você constata (ou não, o que não muda nada) que você não teve um dia feliz. E, o pior de tudo, com a sua energia pessimista, você contaminou milhares de outras pessoas – as que não estavam preparadas e com o corpo fechado, com certeza foram contaminadas e espalharam a energia ruim para muitas outras. Assim inicia-se um ciclo.
Mas o ciclo também pode ser do bem, quando você escolhe o caminho da luz em frente as dificuldades da vida. O carro ficou sem bateria – tudo bem, o que não tem remédio, remediado está. Você vai para o trabalho de ônibus apertado, mas em vez de reclamar, dá graças a Deus por não ter que depender do transporte público todos os dias. E aí do próprio ônibus, você liga para o seguro, que guinchará seu carro até a próxima mecânica. Pronto. Com um pouco de reflexão, você mais uma fez escolheu estar feliz. A dor é inevitável, o sofrimento é opcional. Sua energia boa contaminará outras pessoas e, mais uma vez, inicia-se o ciclo – dessa vez, na luz.
Por isso, acredito que a busca pela felicidade seja eterna. Se felicidade nada mais é do que a feliz + idade, há somente um momento para sermos felizes – o de agora. O amanhã, ninguém sabe, e o ontem foi-se. E se é melhor ser alegre que ser triste, devemos ter como meta de vida buscar a felicidade em cada momento, em cada dia, em cada conversa. Ninguém disse que seria fácil, por isso afirmamos que ser feliz é pros corajosos. Pra aqueles gratos, que enxergam o valor dos presentes na vida. Uma borboleta que entra numa sala, pode ser para alguns um inseto horroroso e assustador e pra outros um sinal divino. Determina-se isso, através das bifurcações invisíveis da vida.

E você pode terminar de ler esse texto achando que tudo isso foi uma grande babaquice, que você perdeu seu precioso tempo para ler um monte de blablabla, ou você pode terminar de ler e refletir sobre os fatos que te tocaram nele. Cada escolha, cada ato, cada palavra conta para montar a realidade dessa vida cheia de incógnitas. Afinal, a felicidade só é utópica, para quem não acredita nela.






Tirado do blog Casal Sem Vergonha

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