Tristeza na Alma

Por Milka Lopes

Pior do que a tristeza nos olhos é a tristeza na alma.
Há diferentes tipos de tristeza.
Há aquela que vem de repente e vai de repente.
Há aquela que vem com data e hora marcada, tipo quando nos lembramos de alguém que já partiu, quando nos lembramos de um determinado dia em que algo muito importante ou traumático aconteceu.
Há aquela tristeza por algo que alguém falou, mas bastam algumas palavras de desculpas para que essa tristeza se apague.
Mas a tristeza na alma essa não se dissipa assim tão fácil.
Ela se aloja no fundo do ser, se apega aos olhos e ao coração deixando um gosto amargo de fel.
Ela transborda dos olhos com lágrimas quentes, como larvas de um vulcão que acaba de despertar.
Ela comprime o estômago e aperta o peito como num salto de olhos vendados em um abismo sem fim.
A respiração fica lenta e espaçada, como se quisesse levar embora o fôlego de vida que ainda resta.
Essa tristeza rouba o sono, os planos e a esperança.
Não existem palavras que a derrubem, não existem palavras doces que possam dissolver esse amargor.
As noites se tornam frias, mas queimam.
O sono vem e vai, em pequenos espaços de tempo.
A primeira lembrança é sempre a mesma, assim como a última ao fechar os olhos na vã tentativa de simplesmente adormecer, de simplesmente esquecer...
Isso é tristeza na alma!