quarta-feira, julho 13, 2011

O Paradoxo da Ilusão



Autora: Janine Merkle

 

Proponho-me humildemente através das palavras ilustrar a dor de um coração iludido, a qual considera-se uma das mais constantes e piores da humanidade, causando conseqüências aterrorizantes, tais como dificuldade para respirar, surgimento de lágrimas inesperadas, suspiros que rasgam a alma, falta de concentração e também o seu reverso, pensando-se somente na materialização do desejo.

Busca-se a qualquer instante, criam-se inúmeros e incansáveis pretextos e percebe-se o poder extraordinário de nossa imaginação para se aproximar persistentemente do Ser almejado.

A esperança que sempre foi nossa aliada torna-se a cada telefonema, mensagem ou encontro, nossa maior inimiga, pois cada um destes momentos poderá ser aquele em que toda a dor finalmente cessará e a tão aguardada declaração surgirá.

Enquanto este momento não chega, somos forçados através da rotina diária, seguindo sempre em frente, mas constantemente projetando nossa alma para o passado, tentando resgatar o que sentimos na presença daquela pessoa especial.

Esperamos, sofremos, agonizamos até chegar o dia em que acordamos e percebemos que tudo se tratava de uma doce quimera e estaremos finalmente livres das correntes torturantes da paixão.

Enfim livres para nos acorrentarmos a uma nova ilusão, repleta de novas emoções e novidades excitantes, fazendo com que a anterior seja vagamente lembrada com um sentimento gostoso denominado saudades, saudades de um tempo que se repetirá diversas vezes nos corações apaixonados.

Renovados estaremos para sentir tudo novamente, acreditando que desta vez será realmente benéfico, não que das outras vezes não tivesse sido, afinal tivemos a nobre oportunidade de sentir emoções especiais por outro alguém, emanando boas energias, desejando a felicidade, mas uma felicidade em sua forma mais egoísta, afinal deveria ser somente ao nosso lado e constata-se que os benefícios foram trazidos através do sofrimento, que lentamente foi sendo transformado de cinza mórbido em uma aquarela revigorante.

 

 

 

 

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