sábado, julho 30, 2011

Cachoeira


Por Milka Lopes

 

Ontem a noite eu mergulhei em uma cachoeira.
Era muita água!
A água era quente, salgada e lavava a minha alma.
Expressava a minha dor...
A cachoeira caía dos meus olhos, que não aguentavam mais segurar toda aquela água.
O calor dessas águas aqueceram o meu coração.
Como uma terapia, foi anestesiando tudo o que estava me sufocando.
Pude sentir o peso que estava sobre os meus ombros, cair junto com aquelas lágrimas.
Me senti mais leve, me senti fortalecida, me senti renovada.
Eu descobri literalmente o caminho das pedras, caminho difícil, doloroso.
A fonte continua aqui, ela não vai secar por enquanto.
Ainda há muita água para rolar.
Essa cachoeira tem muitas quedas; essa foi apenas a primeira que eu desci.
Descerei todas elas, quantas forem.
Quando finalmente não tiver mais nenhuma queda, encontrarei águas mais tranquilas, mais calmas. Nas quais, poderei nadar e me alegrar, o esforço será recompensado.
Pois terei encontrado o paraíso...



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