sexta-feira, maio 22, 2009

Não

     Não se lembra mais...De como era estar aflita esperançando que ele gostasse dela.

     Não se lembra mais, como era imaginar o calor dos lábios, a carícia dos toques.

     Não lembra mais, o que é pensar nele toda noite.

     Não lembra mais, o que é singelamente esperar que o amor seja recíproco... Tudo questão de tempo, tudo passa na memória, o que o ego tomou conta à memória esqueceu, tudo que ela era, toda a ingenuidade, castidade e a virgindade dos lábios, se foi...

     Pureza, lembrança.

     Não passou de miragem, não passou de ser o sentimento mais profundo e verdadeiro conhecido por estas simples almas e organismos humanos que são hipócritas sem perceber, que filosofam e amaldiçoam em nome de alguém que eles dizem não existir...

     Irônico.

     Mãos.

     Apenas vê-la tocar, era isso que eu precisava era isso que eu temia, se um dia eu pudesse dizer uma única palavra a ela e que a mesma fosse a última eu já sei qual seria desculpa... As palavras eu te amo iriam apenas causar um fardo a ela e sua consciência pelo resto da vida, mas pedir desculpas sempre diz tudo, assume a culpa incondicionalmente mesmo dizendo que faria tudo de novo se fosse necessário, que voltaria do mundo dos mortos apenas para amá-la, que a protegeria acima de qualquer custa, que a amaria sem que o soubesse, que estaria presente em todos os singulares momentos da vida...

     Morte

     Não me assusta, a morte não é nada, ela é o nada, você não sente, você não existe, você não tem consciência de que não está mais entre seus entes queridos.

     Porque medo? Apenas uma palavra, não.

     E quantas situações podem ser resumidas nessa palavra, a minha própria, por exemplo, pode ser resumida em um não, uma grande negação...

     Não.

     Deve ser a palavra, mais difícil de ser proferida, é também a autobiografia dela que em outra versão poderia ser escrita como medo...

     Medo.

     Se pudéssemos calcular quantas pessoas baseiam sua vida nessa palavra, vivem pelo medo, pelo medo estão vivas e tem medo de não acharem significado na vida, coisa que ninguém nesse mundo descobriu ou mesmo elaborou uma teoria plausível...

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