segunda-feira, maio 11, 2009

Choro...

Por André Lenz
10/05/09
 
Foi no alto de suas quase três décadas que ele chorou. Sentado na sala escura com a iluminação pouca que cortava a cortina vinda do poste de fora, num silêncio ensurdecedor interrompido apenas por sua respiração ofegante vinda de seu pranto.
Sua tristeza remetia a sua solidão, tão clara, tão aparente, mas tão escondida que se perdia entre o ser imaginário e o próprio real, entre a verdade ostentada mas não sentida, daquelas em que sempre queremos acreditar.
Suas mãos seguravam as lágrimas que insistiam em molhar o tapete do chão da sala abalrotado por zilhões de kilos em apenas uma gota, peso aparente, irreal, mas verdadeiro.
Seus pensamentos derretiam-se em erros, em culpa, em busca constante pelo rumo ou direçãoo errado em que ele nem perdera a entrada, ou talvez seria a saida.
Olhos vermelhos e cansados.
Sua respiraçãoo estava pesada, seu choro não mais emitia som pois seu pulmão estava dilacerado, ou era o coração?
Um choro de entrega, um choro de paz que trazia o mais profundo gozo em seu interior pois de agora em diante se entregara aos mais tênues pensamentos reflexivos que apenas o faziam desistir.
Na verdade ele nunca desistira de si, mas sentia que o mundo desistira dele, que o amor desistira dela e agora sua mais sensata atitude remetia a desisitir de si próprio, pois tentou cultivar seu jardim, mas as borboletas não apareceram.
Sua luta terminara, era melhor assim, porque procurar por algo bem escondido é dificil de achar, ainda mais aonde o campo pra roubar a bandeira esta no mundo todo, em todos os cantos e lugares, em todos olhares, em todos nãos e desprezos que recebemos.
A dificuldade no meio deste lixo todo é encontrar algo que valha a pena ser resgatado. Acho que neste mesmo lixo me perdi para sempre pois nunca vi uma mão sequer a me segurar.
Planos, metas, sonhos, nos tracamos por horas a fio e nos perdemos em pensamentos em todos os momentos, mas de tudo isso , de todo esse tempo perdido, o que nos resta é apenas uma noite escura.
Uma noite escura e de solidão, aonde todos os momentos perdidos em sonhar se reduzem a um chão, um tapete e a lágrimas sem fim, e perdemos tanto tempo para no fim terminarmos na mais profunda solidão de um choro. Um choro de alma, do fundo de uma alma perdida que sempre buscou mas nunca sequer encontrou o amor. O amor verdadeiro.

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