quarta-feira, janeiro 14, 2009

Quando o Amor Acontence

 
 

 


A vida inteira procuramos um amor. Aquela pessoa que fará com que as nossas noites sejam lindas e que o amanhecer seja bem mais tarde. Esperamos o momento em que o Amor irá acontecer e virar o nosso mundo de cabeça para baixo, deixando-nos tontos, embebidos nessa inebriante atmosfera de sonho.

Desejamos, com os anos, que um alguém, simplesmente, faça-nos "acender todas as luzes" de uma única vez. E que o nosso coração, delator que é, entregue-se completamente com as suas batidas,  feito bateria de escola de samba em dia de carnaval, ao avistar a pessoa amada ou, somente, ouvir a terna voz desta.

Queremos (e como queremos) que o Amor aconteça e que com ele venha o tal brilho nos olhos, o frio na barriga, o arrepiar dos corpos, a preocupação e o medo que toda relação espera e que são provas, reais, de que o Amor chegou e tomará conta dos nossos dias.

Apesar desse encantamento, a vida nos mostra que nem sempre é assim. Existem pessoas que estão interessadas em brincar com os nossos sentimentos. Fazer graça com as nossas sandices de "bobos" apaixonados. E, tolos que somos, mantemos aquele sorriso perdido na face, os olhos com um brilho diferente e o semblante de quem acabou de ver uma preciosidade sem tamanho.

É o Amor. É ele que chega e traz consigo toda a vida existente nos sonhos, a certeza dos planos e ideais construídos juntos de rosto colado. Os pensamentos, mesmo que distantes, de um futuro juntos. Para que se possa dividir o creme dental, os lençóis, a cama, as brigas, dívidas e todos os carinhos dolentes que a gente "se" permitir dar e receber, porque o Amor, o verdadeiro Amor, não admite unilateralidade. O verdadeiro Amor é dois. É dar e receber, contudo sem reservas, pois o Amor é o campo da entrega.

Portanto, entregue ficamos. Ansiamos em saciar a sede do outro e também a nossa. Em fazer brotar no rosto do alvo da nossa atenção um belo e sincero sorriso, algumas vezes,  entre diamantes que insistem em surgir, sem convite, dos nossos olhos. É o Amor que está acontecendo.

Ficamos, quase sempre, à espera do momento em que iremos flutuar e sentir, claramente, os pés muito acima do chão. O medo indo embora e a certeza se alojando nas nossas vidas obtendo, então, o cultivo da esperança de que não mais sentiremos aquele vazio solitário que durante tantas madrugadas nos faz questionar a verdadeira razão de estarmos vivos.

Com a chegada do Amor ficamos, logo, aptos, a sentir saudade. Uma saudade profunda, porém indolor. Saudade que, parafraseando o cronista, só quem sente sabe. Também a sentir uma imensa vontade de cometer as maiores loucuras. Irreveláveis. Guardadas no mais recôndito espaço. Articulamos pequenas coisas que possam ilustrar, de alguma forma, que estamos "em Amor" – estágio, aliás, indefinido.

Passamos a ouvir mais músicas e prestarmos menos atenção às letras, pois já não faz sentido parar para pensar em mais nada quando temos alguém à nossa espera. Interessa-nos, tão só, que esse alguém saiba, tanto quanto nós sabemos, que o Amor aconteceu e que ele nos dá ânimo e alimento para continuarmos vivendo e buscando, sempre, o momento de voltarmos a amar, novamente e sempre, todos os dias da nossa vida, a mesma pessoa que nos despertou para o Amor... E tudo isso só é possível quando o Amor acontece...

Larissa, 25 anos, Professora - São Paulo/SP

 

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